Ré por participação na morte do filho, Henry Borel, professora deixou a cadeia com tornozeleira eletrônica na terça-feira (5). Em pedido, promotor cita publicações em redes sociais com as quais Monique supostamente interagiu.

Via g1
Os advogados de Leniel Borel, pai do menino Henry, entraram, nesta quarta-feira (13), com um recurso na Justiça pedindo a revogação da prisão domiciliar concedida à Monique Medeiros no dia 5 deste mês.
De acordo com o pedido, não houve nenhum fato que demonstrasse que a integridade física de Monique estava sendo colocada em risco novamente. Ainda de acordo com os advogados, a própria petição dos advogados quando solicitaram a prisão domiciliar fazia menção a algum outro episódio.
O recurso também menciona um perfil em rede social ter feito postagens menos de 24 horas após a saída dela da cadeia. A defesa, contudo, alega que o perfil não pertence a Monique, mas a uma seguidora de São Paulo.
"Há indícios suficientes de que Monique descumpriu (em menos de 24 horas) a decisão que lhe concedeu a prisão domiciliar", diz o documento, se referindo à decisão judicial que determina que ela não utilize redes sociais.
MPRJ também entrou com recurso
Na semana passada, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também pediu à Justiça que Monique voltasse a cumprir pena na cadeia. Na representação feita à juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal, o MP argumentou que Monique, antes de ser presa, coagiu a ex-babá de Henry a apagar mensagens no WhatsApp. Para a Promotoria, isso demonstra que a mulher estava ciente das agressões que mataram o menino.
"Tal expediente demonstra a disposição da acusada em embaraçar a colheita de provas, sendo certo que esta colheita, tratando-se de processo afeto ao Tribunal do Júri, perdura até o dia do julgamento em plenário", disse o MP.
O Ministério Público também contestou argumento de Monique de que estava sendo ameaçada enquanto estava presa. A Promotoria diz que não foi comprovada nenhuma intimidação.
Saída da prisão
Monique deixou o Complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, na noite de terça-feira (5) e colocou a tornozeleira eletrônica na manhã de quarta-feira (6) na Coordenação de Monitoramento Eletrônico para cumprir prisão domiciliar.
A decisão judicial da 2ª Vara Criminal permitiu que ela fosse solta, mas determinou medidas cautelares.
A mãe de Henry deixou a cadeia com uma calça jeans e uma camiseta branca, e foi recebida por um advogado que a conduziu para um carro particular, de onde saíram do local.
Monique não poderá voltar para o prédio onde vivia, na Barra da Tijuca. Foi lá que Henry foi morto, segundo a investigação.
A professora também foi proibida de conversar com qualquer pessoa, exceto parentes e advogados. E não pode fazer postagens em redes sociais.
A decisão substitui a prisão preventiva por monitoração eletrônica de Monique, mas mantém Jairinho, o padrasto do menino Henry, preso.
No texto, a juíza Elizabeth Machado Louro manifesta preocupação com ameaças sofridas por Monique dentro da cadeia e diz que a manutenção da prisão "não favorece a garantia da ordem pública".
Individualização de conduta
A juíza escreveu que a acusação não imputa utilização de "violência extremada" por Monique, e que "não há nos autos nenhuma indicação de que a requerente tenha visto sequer qualquer dos atos violentos".
Portanto, segundo a decisão, a soltura de Monique individualiza sua conduta "para fins de avaliar a necessidade ou não de manter a prisão cautelar nos termos em que foi decretada no início do processo".
Morte em 2021
Henry de 4 anos morreu no dia 8 de março de 2021 e, de acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foi vítima de torturas realizadas pelo então vereador Dr. Jairinho. Monique também responde por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas.
Monique e Jairinho foram presos em abril do ano passado. Como o g1 noticiou, o convívio entre presas com as quais Monique dividiu a cela no Complexo Penitenciário de Gericinó, revelou à gestão da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) uma série de denúncias de episódios de violência, acusações e ameaças pelas detentas.