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Antissemitismo aflora na Rússia e acende alerta internacional

O incidente na região russa do Daguestão no último domingo (29) expõe o problema do ódio e da inveja ao povo judeu, que voltou a ganhar força no mundo.

Crédito: reprodução

Por Redação


O antissemitismo, que voltou a ganhar força no mundo desde os bombardeios do Hamas a Israel, no dia 8 de outubro, aflora agora na Rússia. O incidente no último domingo (29) envolvendo centenas de homens, a maior parte jovens, que invadiram o aeroporto da capital Makhachkala, na região russa do Daguestão, para linchar judeus que chegaram em voo comercial proveniente de Tel-Aviv, acendeu uma luz de alerta nas relações internacionais e nos direitos humanos. Aos gritos de Alhahu Akbar (Deus é grande, em árabe), os manifestantes revistaram o desembarque e outras dependências do aeroporto, antes de chegarem à pista do aeroporto. Os passageiros ficaram protegidos dentro do avião até que ele pudesse decolar para Moscou, o seu destino final.


No mesmo dia, na mesma região, uma multidão também masculina cercou um hotel na cidade de Khassavyurt que estaria “repleto de judeus”. A polícia deixou muitos dos potenciais linchadores entrarem no hotel para “inspecioná-lo”. No dia seguinte, um centro cultural judaico em Nalchik foi incendiado e pichado com frases como “morte aos judeus”.


O movimento antissemita começou no ano de 70 d.C, com católicos medievais culpando o povo judeu pela morte de Jesus. Na época, os judeus chegaram a ser expulsos da Judeia Romana pelo imperador Tito, tornando-se apátridas. Aos poucos, foram se estabelecendo em diversas nações europeias, agrupados em guetos.


As dificuldades uniram o povo judaico e impuseram uma obrigação moral de superação cultural e financeira que chega mesmo a causar inveja e ressentimento em muitos povos, principalmente no povo alemão e italiano, o que desencadeou o nazismo.


Após o Holocausto, o estado de Israel foi criado para que os judeus tivessem uma pátria na terra que os originou. Mas a criação de Israel na antiga Judeia e na atual Palestina estendeu o antissemitismo a árabes e demais muçulmanos do Oriente Médio.


O movimento que vem acontecendo na Rússia é conhecido como “pogrom”, termo usado para ataque popular violento e covarde a uma etnia, especialmente a judaica, com a cumplicidade estatal. O pogrom nasceu no sul da Rússia, no final do século XIX, quando ocorreu uma grande imigração de judeus para lá. É onde fica o Daguestão, de maioria muçulmana. Os pogroms não se restringiriam a essa região: ocorreram vários nas primeiras décadas do século XX em outras localidades da Rússia e países vizinhos. A Noite dos Cristais nazista foi um pogrom.


Embora o pogrom do último domingo tenha tido uma finalidade violenta, os atos se contiveram em manifestações e intimidações, bem diferente da ação iniciada pelo Hamas no dia 7 de outubro. A crueldade nas execuções de israelenses é claramente fruto do ódio aos judeus porque eles simplesmente existem e representam a modernidade.


Da mesma forma, é importante destacar que a perseguição histórica aos judeus não dá imunidade a Israel para cometer crimes de guerra contra palestinos. O que se espera agora é uma intervenção independente de organismos internacionais para verificar a quantidade exata de mortos pelo exército israelense em Gaza, já que os números fornecidos até agora são do “ministério da Saúde” do Hamas.


No fundo, cientistas políticos avaliam que a causa dos palestinos, que têm sofrido com a instalação de colonos israelenses em seus territórios, é o que menos importa para o movimento antissemita que voltou a ganhar força. O problema é mais antigo, movido por repulsas ancestrais, atuais e ideológicas. Para a esquerda mundial, que se diz somente “antissionista”, mas é tão antissemita quanto a extremíssima direita, os judeus são um bastião do capitalismo e Israel, uma fortaleza do imperialismo americano no Oriente Médio. Por isso, merecem ser varridos do mapa “from the River to the Sea”, como gritam nos Estados Unidos, prova de que é conversa fiada a defesa de dois estados, um judaico e outro palestino, nessas manifestações. Aliás, fossem os manifestantes partidários de verdade da existência de dois estados, eles deveriam portar bandeiras de Israel juntamente com as da Palestina.

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