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IA ameaça engolir 1 em cada 4 empregos: jornalistas já estão na mira


Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A inteligência artificial deixou de ser ficção científica há tempos. Mas agora, ela quer ser repórter, editora, designer, datilógrafa, intérprete, caixa de banco, secretária, operadora de call center — tudo ao mesmo tempo e sem hora extra.


Segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), feito em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK), 1 em cada 4 empregos no mundo corre risco real de ser impactado diretamente pela IA generativa.


O estudo separa as profissões por níveis de exposição ao impacto da IA. As listadas como “Gradiente 4” são aquelas em que praticamente todas as tarefas podem ser automatizadas — ou seja, o robô faz igual (ou quase) e mais barato.


Os jornalistas foram colocados no Gradiente 3 — ou seja, muitas das tarefas que hoje ocupam os profissionais da imprensa têm alto potencial de serem automatizadas. Digitadores, contadores, operadores de dados e atendentes de call center estão entre os primeiros da fila. No mesmo pacote, aparecem também desenvolvedores de web e profissionais de finanças, que antes se achavam protegidos pela técnica.


Mas não é só uma questão de automação. A IA promete transformar funções inteiras. O perigo não está só na substituição, mas na diluição da função humana, no achatamento da responsabilidade editorial e na normalização do conteúdo raso, automático, plastificado.


E a redação, que sempre foi o espaço do improviso, da intuição, da pergunta fora do script, agora se vê ameaçada por algoritmos treinados para parecer espontâneos. O risco é claro: trocar jornalistas por gerentes de prompt. Trocar o ofício — com ética, faro e apuração — por produção em escala, sem senso crítico.


Mais do que uma revolução tecnológica, a IA está ditando uma revolução cultural. Se o jornalismo quiser sobreviver, vai ter que defender sua humanidade com mais veemência do que nunca. Porque o que está em jogo não é só o emprego. É o olhar. É a escuta. É a responsabilidade com o real.


E isso, por mais que a IA tente, ela ainda não aprendeu a sentir.

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