MP aciona prefeitura de Niterói por abandono de trabalhadores em Camboinhas
- Portal Notícias
- 20 de mai.
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Enquanto patrões dizem que tudo vai bem, trabalhadores percorrem a pé até meia hora pelas ruas de Camboinhas para pegar um ônibus. No bairro nobre da Região Oceânica de Niterói, não há transporte público regular — e a prefeitura nunca apresentou estudo técnico para justificar essa ausência.
Diante do impasse, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ajuizou uma ação civil pública exigindo que a Prefeitura de Niterói explique, com base técnica, por que decidiu não implantar linhas de ônibus em Camboinhas. A Promotoria deu prazo de 90 dias para que a gestão apresente o documento. A decisão da prefeitura, segundo o MP, teria sido tomada com base apenas na resistência de parte dos moradores, representada pela associação local (Soprecam), sem qualquer embasamento técnico.
Do outro lado da história estão funcionárias domésticas e outros trabalhadores que andam até meia hora todos os dias até o único ponto de ônibus da região — fora do bairro, na rotatória em Piratininga. Lá, enfrentam ônibus lotados, alagamentos em dias de chuva e longas esperas. Segundo relatos, patrões não costumam dar carona e alternativas como mototáxi chegam a pesar R$ 200 por mês no bolso.
A prefeitura alega que a decisão atendeu a vontade dos moradores, que temem impactos como poluição e insegurança. Já o MP vê omissão do município e cobra a aplicação da Política Nacional de Mobilidade Urbana. A ação destaca que o transporte público é direito social, e a prefeitura não pode ignorar a população trabalhadora sob argumento de “cultura local”.
O caso evidencia um velho dilema urbano: a cidade que se planeja para os donos dos CEPs mais caros, mas esquece quem acorda cedo para mantê-la de pé.
Com informações do O Globo.
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