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Parceiro do BMG engana aposentados com áudios editados para aplicar golpes no consignado

A engrenagem bilionária dos descontos indevidos em aposentadorias do INSS acaba de ganhar voz — e não é bonita de ouvir. Áudios obtidos pelo Metrópoles mostram como um correspondente do banco BMG, a empresa Balcão das Oportunidades, enganava aposentados com promessas de estorno para aplicar fraudes no crédito consignado e em filiações a entidades fantasmas. Tudo isso com edições de gravações para simular “consentimento” das vítimas.


Na prática, o que se ouve são ligações em tom amigável, oferecendo R$ 287,83 em nome do BMG como “restituição de juros mal cobrados”. O problema: o dinheiro nunca existiu. O objetivo era obter dados, frases afirmativas e autorizações que depois seriam recortadas e coladas em novos contratos.


Aos 77 anos, Maria do Carmo Lara caiu na armadilha — mas desconfiou. Ainda assim, passou a ter descontos em folha por saques que jamais realizou. O banco sustenta que ela autorizou, com comprovantes de saque em valor idêntico ao oferecido na ligação. O caso acabou extinto na Justiça, por falta de perícia no Juizado Especial.


A Balcão das Oportunidades aparece como receptora de R$ 9 milhões de associações envolvidas na chamada “farra dos descontos”, como Ambec, Cebap e Unsbras — todas ligadas ao empresário Maurício Camisotti. Nos bastidores, o esquema era intermediado por Herbert Kristensson Menocchi, ex-gerente do BMG, que também aparece recebendo altas quantias das entidades.


O BMG rompeu o contrato com a Balcão das Oportunidades após ouvir um dos áudios, mas não escapou da associação direta: ex-funcionários da empresa relatam que a prática era corriqueira, e que parte da comissão envolvia porcentagens mensais atreladas às adesões fraudulentas.


Em resposta, o banco alegou que repudia os métodos e que reforçou seus protocolos com biometria e geolocalização para evitar golpes. Já Camisotti, por meio de nota, negou irregularidades e prometeu auditoria independente.


Enquanto isso, milhares de aposentados seguem pagando, mês a mês, por uma conta que nunca autorizaram — vítimas de um sistema que transformou o “sim” no telefone em sentença de endividamento.


Com informações do Metrópoles.

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